quarta-feira, 6 de junho de 2012

O responsável pelo manifesto


Roger Babanerale Não tinha nada pra fazer e não queria ter nada pra fazer. Sim ele admitia que fosse um vadio e não sofria nenhuma crise por causa desta sua peculiride. O Estranho é que durante o tempo em que permaneceu ativo coordenando uma equipe de operário ninguém queria outro assumindo a função que Roger executava com uma competência extrema. Ninguém mesmo, nem operários nem chefes de produção. Sua equipe era ótima, selecionava os mais comprometidos na linha de produção que comandava. Dizia: “Aqui ninguém pode ser mais vadio do que eu!” Todos riam Os administradores achavam que seu discurso era uma forma de manter o bom humor entre os trabalhadores. Ninguém percebeu que as coisas que dizia correspondiam a suas crenças. Foi ele quem redigiu o manifesto. Não tendo mais nada a provar para ninguém e sabendo que ninguém duvidava de suas capacidades aceitou de bom grado se voluntariar nos cortes de pessoal  para controle de gastos e produção. Todos passaram a considerar mais ainda Babanerale pelo "sacrifício". A renda indenizatória seria boa  poderia viver bem até sentir vontade de fazer algo de novo e se candidatar em uma vaga numa cooperativa ou empresa. O problema é que muitos não acreditavam no mesmo que Roger Babanerale acreditava e passaram a pressionar que Senadores e representantes legislativos de todas as repúblicas e estados para que se fizessem cortes e impusessem limitações nos tipos de benefícios de que Roger e outros eram beneficiários. Revolta total. Nosso novo revolucionário reuniu os amigos mais próximos expôs sua indignação e numa mistura composta de chegados, álcool,  decidiu-se por unanimidade que o mundo seria mudado. Mas depois que a ressaca passou apenas Roger seguiu acreditando que os paços para a mudança definitiva tinham começado e levou uma semana para escrever aquilo tudo. Antes disso o Sindicato dos vadios,  (nome sugerido por Roger) era apenas um grupo de boêmios, poetas, Autores, Artistas, Operários mais descolados, Loucos, Lunáticos e outros desajustados que aceitaram a presença de Roger. Eles se reuniam para debater temas altemente intelectualóides ou simplesmente se divertir e flertar. Eram uma companhia agradável, quando a maior parte do grupo estava de bom humor. 

segunda-feira, 4 de junho de 2012



 Em Marte, antes da queda

 Sobre nosso engenheiro...

Coisas tecnológicas flutuando, vencendo a gravidade me fizeram parar aqui. ...

Frio, gelado. Eu não saberia se não tivesse caído. Só sabia de ouvir falar, e acreditava quando os termômetros me diziam; agora sei que eles não sabem de nada. No fundo de uma fenda marciana eu deveria me sentir o homem mais isolado do universo, mas sabia que não era verdade. Sumi, deixei rastros, e meu localizador facilitaria o trabalho de quem me procurava. Eu devia ter avaliado melhor o grau de dureza da rocha, Não deveria estar sozinho na escalada. Sentia-me tão idiota que o fato de estar definhando em um lugar onde nenhum homem jamais esteve não fazia a menor importância. Não quebrei nenhum osso a queda poupou meu pescoço. A segunda coisa pior que poderia ter acontecido, uma despressurizarão do traje, não aconteceu, só a primeira camada de aquecimento havia sido rompida expondo minha perna direita à atmosfera gelada. Se o socorro demorar muito posso perdê-la. Tudo isso por causa de 30 metros de queda, qual o azar ou sorte disso? Óbvio que não queria morrer, mas dentro de todos os objetivos que coloquei pra mim, se me fosse dada à escolha de um local e uma situação pra morrer certamente seria aquela. O momento era um misto de medo excitação, satisfação. Frio, a dor momentânea o isolamento. Estou no lugar certo, fiz as escolhas certas, não me arrependo de nada. Aquele céu estranho, todo mundo dizia que era alaranjado, mas eu tinha minhas duvidas, nunca ninguém definiu direito àquela cor. Os acadêmicos graduandos mestres e doutores em geologia irão gostar de saber as características especiais daquela rocha, principalmente precisarão saber que não é uma base de apoio segura pra quem decidir escalar ou descer por aquelas regiões eu também não recomendaria construir nenhuma estrutura ali. Mas pra saberem disso vão ter de me achar primeiro...